5.23.2010

Azul e o Rosa


Eu tenho a mesma dúvida de Rosa: " ... para onde nos atrai o azul?"

Palavra de nada


Cada passo que dava era um passo para a desventura. Para atrás ficava a esperança de palavras e vontades. Nunca o vir, sempre o fugir. Cada passo que dava era um passo para o nada. Não existe dor maior que dar um passo para a desesperança contando com a esperança vindo atrás. Incertezas. Cansou de palavras de nada e tanta dor. Cansou da corrida e da falta de coragem.

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.."
Guimarães Rosa

5.20.2010

A partida

Fins são duros, sejam eles quais forem, mas não existe fim pior do que aquele de algo que nunca conseguiu existir. Qualquer um pode inventar um início, mas finais são impossíveis. Para terminar algo primeiro tem-se que amarrar todas as pontas soltas, desatar os nós, velar as intenções perdidas, liberar todas as vontades truncadas, coisas as quais nunca conseguimos. Pois, alguém sempre vai reclamar e não concordar. Sempre haverão buracos e já que é o final, ele – o fim – deveria significar pelo menos alguma coisa. Paraíso, inferno, ou mais do mesmo. Paz ou liberdade, nunca ambas. No fim, cada fibra sua quer arrefecer, cada parte viva quer morrer ou achar um meio de recomeçar tudo de novo. Novo. Porém, acabamos por não fazer nada e fica na boca o gosto amargo do todo, tudo sentido, tudo vivido, tudo sofrido. E, o tudo foi para o quê? Nunca é fácil responder. Porém, eu digo que para mim o fim é um teste e que no final – seja ele qual for – acabamos sempre por acertar. Não existe culpado, apenas a certeza que fizemos nossas próprias escolhas. Escolhemos o fim, mas não era afinal está a intenção? Nascer-morrer. Sem sombra de dúvidas finais são difíceis, mas no fundo nada realmente acaba. Recomeça diferente para depois findar.

5.17.2010

Tão alto ...

Algo mudou dentro de mim. Algo existe de novo ou algo que aqui jazia não é mais o mesmo. Eu comprei uma aposta, segui com o jogo e pelas regras dos outros eu perdi. Hoje é demasiado tarde para reescrever os acertos, apagar os erros ou blefar. Tarde demais para voltar a dormir. Afronto. Luto contra toda a racionalidade para tentar confiar nos meus instintos, fechar meus olhos e saltar! Diante do abismo, eu fleumático. Amarelo e impassível. O abismo diante de mim repete e ecoa: “Você pode ser feliz…” Metade de mim, metade cavalo, acredita. É hora de tentar, passar por corredores, abrir portas, pular em abismos e desafiar a gravidade. No fundo, eu já estou desafiando e, agora, nada e ninguém vai me derrubar! Até porque, também sou metade arqueiro, nunca aceitei limites. Sempre soube que algumas coisas eu não posso mudar, mas até que eu tente, eu nunca vou saber quais são. Antes disto tudo e por muito tempo tive medo de perder o melhor de mim, perder todos os amores que eu já perdi ou qualquer coisa que tenha sido ou dito que fosse amor. Medo de perder tudo que veio em tão alto custo. Por conta disto, tudo que eu tenho cheira a outro e neste mais ínfimo momento, tudo não é verdade. A maior mentira é acreditar em como fazer as coisas que você sempre quis fazer sem que eu estivesse por lá pra segurá-lo de volta. Não pense, apenas faça. Dê uma gloriosa mordida do tamanho do mundo inteiro e deixe no céu da sua boca um avião sozinho voando alto. Tão alto...

Para ler ouvindo Details In The Fabric com Jason Mraz feat. James Morrison clique aqui e voe alto com o seu iPod querido leitor amigo.

Sonho Foto by Ivana Debértolis.

5.16.2010

Wave if you're really there


A melhor música do mundo!
Wave Machines com Keep the Lights On


Hold your fingers up to the sun
Trace the bones, feel the blood run
Eyes shot red, don't burn the day
Say your name, tell yourself that everything is okay

The night's too long
So, when we sleep, I keep the lights on
Until the morning comes
When we sleep, I keep the lights on

Clear your ground, hold your throat
Un-speak all the words you ever spoke
Leave and lead yourself astray
Say your name, tell yourself that everything is okay

The night's too long
So, when we sleep, I keep the lights on
Until the morning comes
When we sleep, I keep the lights on

If I get up I'll hold your hand
Anyone else I can, I can
If I go under understand
Anyone else, you can, you can

If I get up I'll hold your hand
Anyone else I can, I can
And if I go under understand
And anyone else, you can, you can

The night's too long
So, when we sleep, I keep the lights on
Until the morning comes
When we sleep, I keep the lights on

The night's too long
So, when we sleep, I keep the lights on
Until the morning comes
When we sleep, I keep the lights on

Para ouvir no seu iPod e carregar um pedacinho de alegria consigo, clique aqui.

5.15.2010

Coisas de palhaço...

Coisas de palhaço, promessas de palhaço, piada de palhaço, roupa de palhaço, cara de palhaço, desculpa de palhaço... há dias que o silêncio é a melhor resposta. No final, você riso. Eu, palhaço. Eu compito comigo mesmo no final e resta apenas calçar as sandálias da humildade os sapatos de palhaço e ir viver entre os comuns.

Para engrossar o coro e cantar com Robyn minha trilha sonora do dia Handle Me é só clicar aqui. Boraê!

"....It’s a simple fact that you can’t seem to handle me
No matter how you act with them you can’t handle me
Its just a simple fact that you can’t seem to handle me
Don’t matter how you act with them you can’t handle me
I don't really feel you got my back
Cuz you’re a selfish narcissistic psycho
Freaking bootlicking Nazi pimp and
You can’t handle me..."

Konichiwa Bitches!

Que venha o futuro...
Para ouvir Konichiwa Bitches no seu iPod é só clicar aqui e bom proveito querido leitor amigo.

5.12.2010

Ilha

Acordou, leu, pensou e resolveu ser ilha. Deu bom dia e do seu pedestal - as vezes gaiola - torceu o nariz para a arte da má interpretação alheia. Jurou ser complicado, mas para os seus olhos - com brilhos de menino triste - o mundo e aqueles que nele habitam eram mais. Farto gritou basta. Olhou para baixo, olhou para as mãos. Sentiu que tinha algo ali, resquícios, migalhas, lembranças. Optou pela maré lavar os dedos e deles levar para longe tudo - o pouco - que ali habitava. Arrancou o coração em nome da dor futura. Matou no ninho o hoje. Desligou tudo e foi embora. Na mesa um bilhete: "smack my bitch up darling". N'alma ... ilha.


No continente, para quem ficou deixou cheiros e vontades de agora, sem intervenção do futuro. Na vitrola, sem parar, uma única música. Única. Ilhas. Na cabeça indignação, pois solidão de cu é rola.

Querido leitor amigo para ouvir Islands da minha banda cocota do momento é só clicar aqui e ouvir e viver e sonhar e amar e esquecer o futuro.

5.11.2010

Você Consegue Recriar


You, you still have all the answers
and you, you still have them too
and we, we live half in the day time
and we, we live half at night

Watch things on VCRs, with me and talk about big love
I think we're superstars, you say you think we are the best thing

But you, you just know, you just do

When i find myself by the sea, in anothers company by the sea
When I go out the pier, gonna die and have no fear
Because you, you just know, you just do

Watch things on VCRs, with me and talk about big love
I think we're superstars, you say you think we are the best thing

But you, you just know, you just do

***

Para ouvir VCR com The XX, clique aqui. Segure na mão de alguém especial e aproveite o som. Todo mundo, inclusive você querido leitor amigo, consegue recriar alegria de pequenos presentes da vida.

Terceiro

Chegou o meu terceiro último iPod e com ele a volta da trilha sonora para o caminho entre a casa e o trabalho e de volta para casa. Cama! Este virou metade do outro, deixado com outra metade...

5.10.2010

Quem ri por último, rivotril...

Risos, conquista, boa conversa, feijão, surpresas debaixo de peças íntimas, brigas por cobertores. Cama. Amigos, risadas, beijos coletivos, gatos e muito axé. Ao longe buzinas, amigos distantes e um vulcão com nome impronunciável expelindo chamas e enxofre. EuEyjafjallajokul. Couve refogada com farofa, sorrisos largos e barrigas cheias. Pudim, o melhor pudim do mundo. Cervejas e mais cervejas, todas seguidas por uma mágica caipirinha de principiante. Eu, infileirador de latas e Marisa dando voltas e mais mais voltas em seu mini bugue rosa. Receita perfeita para o dia do trabalho. Caras novas, caras antigas, músicas antigas e muitas novas descobertas. Meu corpo, meu sentidos, minhas mãos, meus desejos e depois de tudo um nada. O tudo - inverso do nada - dentro de um copo, batido com uma dose de insensatez, duas pedras de agora, um gota de sinceridade. Stirred, not shaken, please! Ao fundo, tocava “Heart Skipped A Beat” e meu mundo mudou. Certezas antes duradouras deram espaço as maravilhosas dúvidas sobre ser, ter e existir. Dor e ansiedade. Apertei o botão de emergência e graças à indústria farmacêutica encontrei o equilíbrio. Agora é contar 10 gotas e esperar o mundo parar de rodar.


Para ouvir The XX com Heart Skipped A Beat clique aqui e aumente o volume do seu iPod querido leitor amigo.

5.09.2010

Antes do amanhecer...

"... I'll love you till the ocean
Is folded and hung up to dry
And the seven stars go squawking
Like geese about the sky.

'The years shall run like rabbits,
For in my arms I hold
The Flower of the Ages,
And the first love of the world.'

But all the clocks in the city
Began to whirr and chime:
'O let not Time deceive you,
You cannot conquer Time. ..."

Trecho do poema de W. H. Auden chamado
"As I Walked Out One Evening".

Queridos leitores amigos, para acompanhar a vida, o poema e todos os sentimentos do dia, eu recomendo Lenka com We Will Not Grow Old. Para ouvir no seu iPod é só clicar aqui e sair vivendo, lendo poemas e sentindo todas as coisas do mundo. Bom proveito!

5.08.2010

Quem divulga amigo é ... No.6

Caro leitor amigo, eu recomendo deixar-se encantar pelo canto da sereia e amiga Juliana Jonson Golçalves. Mulher, meio peixe, mestranda e fazedora de sambinhas entre Espinoza e Deleuze. Mergulhe com ela de cabeça nessas águas acadêmicas.

5.07.2010

Grandes perguntas, nenhuma resposta

Horatio para muitos, em suas primeiras leituras, significa de longe um personagem menor. Ledo engano, pois para o texto de Shakespeare, ele é único. Para Hamlet, Horatio é o retorno da razão perdida. O norte. Para mim, na minha limitada leitura e releitura da obra, o chão. Hoje, nesta encruzilhada neste momento da vida perdi o chão, ou o norte, ou a razão, ou o ser único. Assim, vago pelo mundo como um Hamlet sem Horatio. Pisando em sonhos, gritando minhas loucuras, caçando meus fantasmas, vivendo minhas traições, procurando culpados e seguindo sem entender-me. Sem ser entendido. Por onde andará Stephen Fry Horatio, o arauto da verdade? Onde está aquele que nunca foi escravo da paixão? Grandes perguntas e nenhuma resposta.

"... Oh, it's probably plain to see
That I got a whole lot of pain in me
And it will always remain in me..."

Para ouvir Gnarls Barkley com A Little Better, clique aqui.

5.01.2010

Do outro lado do meu espelho...

"Subindo a escada rolante da estação de metrô de Karlaplan, leio cartazes com os dizeres: Do amor ao ódio, em 8 minutos; da fúria ao ressentimento, em 35 minutos. Não entendi nada!

Quando minha filha era pequena, comprei-lhe um livrinho que se chamava "O livro dos sentimentos". Nele, apresentavam-se a raiva, a alegria, a tristeza, a inveja e tantas outras emoções, todas devidamente acolhidas, sem julgamento. Acho que o livrinho foi uma maravilha, não apenas na educação sentimental da minha pequena, mas também na minha.

Aprendi, então, que um "dicionário de emoções" podia ser um livro muito "gordo". E que "ser gentil, amável, boazinha" não era o único estado de espírito digno de uma boa pessoa. Mas isso deve ser porque, em Itabuna, no meu tempo, não havia “a Ópera!”

De qualquer forma, a história dos cartazes é simples de explicar: uma campanha publicitária da Ópera Real de Estocolmo para estimular a curiosidade dos jovens pela ópera e pelo ballet.

Situada na Praça Gustav Adolf, bem no centro de Estocolmo, a Ópera Real sempre ofereceu a seus visitantes algumas pérolas da música e da dança clássica mundial. Lá estive uma vez, para chorar em Il Barbieri di Siviglia, e outra, para apresentá-la a meus filhos, em um espetáculo de ópera infantil.

Mas em sua atual campanha publicitária, a Ópera Real oferece uma viagem de emoções pelo metrô de Estocolmo!

A coisa é genial! Para andar no metrô, a empresa de transporte coletivo local da capital sueca oferece um "planejador de viagens" online. Você escreve o ponto de origem e o destino. Eles apresentam a melhor alternativa de transporte, incluindo ônibus, metrô, bonde, etc.

Pois não é que a propaganda da Ópera rebatizou cada uma das cem estações do metrô com um sentimento, uma emoção, um estado de espírito?

A gente vai à página da "viagem de emoções" e, da mesma forma, escolhe a origem e o destino. Mas, já agora, com seus novos nomes. Por exemplo, entre o Divino e o Prazer, ou entre a Tristeza e a Agitação. Aí, a página sugere a trilha sonora adequada para o tempo e as emoções da sua viagem, e a coloca à sua disposição. Você pode baixá-la para ouví-la no celular, ou compartilhá-la com seus amigos via e-mail, facebook, twitter... o que você preferir.

Maravilhosa oportunidade de, uma vez e para sempre, aprender o nome de cem emoções em sueco. Nem sabia que havia tantas!

E agora, finalmente, poderei deixar de confundir prazer com luxúria, ou raiva com ódio, ressentimento ou rancor. Descobri, por exemplo, que desejo pode ser pelo menos quatro coisas em sueco: lust, vilja, önska e åtrå, dependendo do tipo de desejo de que estamos falando.

E estou aprendendo palavras e nuances que eu nem sonhava existirem neste idioma tão lindo e tão difícil, ao mesmo tempo! Saboreie, por exemplo, a palavra förtrytelse. Não é bela? Significa algo assim como mágoa ou ressentimento.

Me divirto tirando conclusões malucas e interpretando o planejador de emoções. Por exemplo, entre a Excitação e o Êxtase, leva-se uma hora e seis minutos, segundo a página. Já pensou, que maravilha de viagem? Já passar do Desânimo à Alegria de Viver requer apenas cinco minutos!

Outra brincadeira é tentar identificar as óperas de cada estação. Minha estação favorita é o Desejo, com a Habanera, da Carmen de Bizet: "o amor é um pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar". Mas até identificar as outras 99...! A campanha acaba e eu ainda estarei tentando. Não sei quase nada de ópera.

Se você quiser brincar também, leitor, pode olhar a página aqui. Se estiver impossível entender, vá ao Woxikon, utilíssimo dicionário online em oito idiomas diferentes, e traduza os sentimentos que mais lhe apetecerem. E ouça música de alta qualidade, é claro!

Achou complicado e não achou graça nenhuma? Acontece que a graça não está na página, nem na publicidade, mas na "viagem" que a gente faz dentro de si mesma. A cada emoção identificada, a gente descobre novos matizes na vida e faz um desafio ao cérebro e ao coração: se envolver mais, se conhecer mais, aperfeiçoar a vida emocional.

Qual a minha queixa?

É que o "planejador de emoções" não inclui a linha do bondinho do Tvärbanan que passa na frente da minha casa. Tenho, então, de ir em silêncio até a estação do Alívio, para só aí, ao som de uma música maravilhosa, dirigir-me ao Prazer, passando por Insanidade, Desejo, Amor, Empatia, Loucura, Ódio e Calma.

Prazer é a estação do meu local de trabalho. Vem logo depois da Calma. Sugestivo..."

E-mail recebido em 30 de abril de 2010 de Joana, que depois de dividir corredor e experiências em Estocolmo, acaba por dividir os estados de espírito e este texto de Sandra Paulsen, autora do blog Cartas de Estocolmo . Grattis!

aqui tem mais do mesmo

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