4.29.2010

O Duplo

Hoje apareceu alguém novo, tinha a minha cara, falava sobre minhas coisas com propriedade e autoridade como se dele fossem. Vestiu minha roupa, roubou minhas senhas, saiu com minhas chaves. Enviou mensagens pelo meu computador, bateu papo. Invadiu a minha página do facebook. Me envergonhou. Pegou meu dinheiro. Deixou para trás o meu copo sujo, o prato na mesa com migalhas e nenhuma comida na geladeira. No banheiro, chão molhado e pêlos por todos os lados. Minhas navalhas usadas, meu sabonete no chão e toalha molhada. No quarto, bagunça e cama revirada. Então, olhei para dentro de mim. Bem no fundo e na escuridão procurei pelos principais órgãos e outros pedaços da vida, estavam todos lá exceto metade do coração. Ao olhar de perto notei que havia sido arrancado com força. Foi cortado com o descuido de quem pouco se importa. Pensei: “Agora o que fazer?”. Corri para fora em busca de ar e na porta um bilhete: “Ei, fui beber uma cerveja, comer um kibe, ou um pastel de ovo. Não te quero comigo, não sou alguém sozinho. Não sou você. Ass: seu DUPLO.” Acordei…


Queridos leitores amigos para ouvir Don't Fucking Tell Me What To Do cliquem aqui e aproveitem o som de Robyn. Agora lembrem bem, a música estará disponível apenas por 7 dias corridos ou 100 downloads, o que vier primeiro.

simLÊNCIO


O meu SIM é meu SILÊNCIO. Digo o sim quando não existe mais palavra para ser dita, argumento para ser vencido, batalha que valha a pena, luta que não seja vazia, guerra que não tenha solução. Querelas. Digo o sim para desaparecer, deixar de ser. Digo o sim para não gastar mais palavras, minhas tão caras palavras. Por que a vida não consegue ser mais cheia de jantares com risos soltos e no final - como sobremesa - o silêncio constrangedor dos elevadores? Tudo iria ser mais fácil, mais cheio de vida e - acima de tudo - mais cheio de barulho n'alma.

4.26.2010

Duplicidade

Duas cidades, duas vontades, duas fomes, um desejo. Poucos meses, muitos anos. A querela: fragilidade versus força, cada qual com suas certezas. A barreira: indecisão versus certeza, cada uma com suas sólidas vontades. Eu, média. Meio de ajuda, meio de saciar, meio do mundo. Da fragilidade tenho medo, pois tenho as mãos de obreiro e acabo por quebrar sempre o que me é mais caro. Da força tenho preguiça, pois tenho asas nos pés e acabo sempre por correr mundos. No final, resta a fome dos amores em pedaços... Dante tem razão, "depois, mais do que a dor, venceu a fome".

4.23.2010

Menos feio, menos pobre, menos burro...

Cruzou a rua como se fosse mais belo, mais rico, mais inteligente. Andou até o café e fez dele sua casa, sua sala de estar. Apagou os estranhos. Deixaram de existir apenas com a força da sua vontade e brincou de Deus ao redesenhar o mundo. Mudou as cores das coisas, os sabores dos pratos, os cheiros do dia. Sorriu sozinho, pensou no distante, esqueceu problemas, desenhou castelos e entre nuvens fez morada. Desceu ao chão, escreveu poemas, perdeu o telefone, enterrou alguém. Abriu portas, fechou outras e muitas outras estão por vir. Abertas ou fechadas virão. Dormiu no chão e pensou: “Tudo isso tem que ter um fim, um sentido. Tudo tem fim. Tudo tem sentido.”. Falou sobre a língua dos deuses, falou a língua dos anjos revelada por Camões, sonhou. Acordou, tomou chuva e ao longe ouviu: “ __ Cortem as cabeças!”. Assustou-se. Então, abaixou-se, fingiu de morto e esperou. De longe um gato sorria e cabeças rolavam. Passou por morto, secou por dentro. Renasceu. Do sonho despertou e dele brotou uma flor em seu peito. O grão – que era semente, se não mente – geminou, cresceu, proliferou em espiral até o céu azul com coração-nuvem e abriu-se em flor. Flor-coração. Passou um segundo fora de sua cabeça, uma eternidade dentro. Piscou, pegou seu café latte e sentou. Estava em casa, mesmo em meio a estranhos. Por fim, acabou por reler-se em Gabriel García Márquez... e descobriu-se mais feio, mais pobre e mais burro.



4.21.2010

Quem divulga amigo é ... No.5


Você está convidado para ir até o chão conosco neste sábado.

Mais faceiro que mosca em tampa de xarope é o grupo de convidados para comemoração do pré-aniversário de Cássio Wollmann no Bar do Netão.

A festa vai ser mais comprida que cuspe de bêbado e a proposta é deixar todos mais felizes que puta em dia de pagamento de quartel.

Então boraê colocar a sua melhor bombacha, segurar o seu guri ou convidar a sua prenda para o bailão do Cássio.

Esperamos você por lá e contamos com a presença de celebridades e figuras importantes na noitche!

ASS: Comissão de Eventos by Nêga, Sandrinha, iNSana e Halley.

4.18.2010

Meu fantasma

Fantasmas são onipresentes e eles existem. Eu por exemplo, morro aos poucos e desapareço aos pedaços. Viro lentamente um fantasma ou muitos. Entre eles resta o vulto - agora fantasma - da minha melhor lembrança. Falta a tangibilidade da conquista. Falta buscar ser o nada para virar o todo. Dias escuros no norte escurecem vidas no sul. O meu fantasma, onisciente.

aqui tem mais do mesmo

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