4.04.2014

Lorca da vida

"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco." Eu, de agora em diante, abri mão de peixes e suas profundezas, abri mão de gêmeos com toda a sua dubiedade e de muitos outros. Quero só libra com ascende em escorpião e lua em áries. Me descobri em um fragmento roubado e agora tatuado n'alma de "Memórias de Minhas Putas Tristes", obra escrita por Gabriel García Márquez. Sempre uma surpresa encontrar-se inteiro em pedaços dos outros. Ser o alheio. Porém é com Federico García Lorca que me reinvento, me descrevo e me apresento. "Deixaria neste [blog] livro toda minha alma. Este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas.Que pena dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam !" 

Hoje estou
louco
Lorca da vida.


Picture by Ivana Debértolis

2 comentários:

Anônimo disse...

Estou fato do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao [que quer que seja fora de si [mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-[senos secretário do amante [exemplar com cem modelos de [cartas e a diferentes maneiras de [agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos [bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo [que não é libertação.
(Manoel Bandeira - "Poética)

Anônimo disse...

"Encontrará o campo lavrado, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa no seu lugar."
Consoada - Manuel Bandeira

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