1.22.2014

Dante sem Virgílio


Atravessei o céu e cheguei ao inferno.


"Nel mezzo del cammin di nostra vita / Mi ritrovai per una selva oscura / Che la diritta via era smarrita"

1.14.2014

O sabiá, a gaiola e o leão


Amei. Sempre amei e cumpri o papel dado pelo amor. Porém, nunca fui amado. Claro que tive o amor do sangue e o das afinidades, mas nunca o amor da carne. Fui e fiz. Dei e cuidei. Tive carinhos e mimos. Ganhei presentes e elogios, mas não o amor. Conquistei, respeitei, fui admirado e criei laços, mas o tal do amor não veio. Continuou alheio. Em alguns casos, meu ronco era demais. Em muitos outros, minhas vontades de menos. Meu destino era satisfazer, cuidar, preservar, limpar, nutrir, mimar, massagear, cozinhar, orgulhar, foder, e - acima de tudo - amar. Hoje, a gaiola foi aberta. Um sabiá de outros cantos foi quem abriu. Outra mentira, uma entre outras que vivi. Fugindo de uma gaiola acabei em outra. Assim foi até cansar. Desisti de fugir ou procurar e acabei por ser encontrado. Nada mais de pássaros ou outro animal menor.  Meu corpo morto foi achado pelo rei deles. Um leão soprou vida em meus pulmões e pela primeira vez parei de só amar só e estou aprendendo a amar ser amado. Amor dobrado é trabalho redobrado. Livre, aprendo depois de velho ser colocado no altar do coração de alguém e digo: "Amor, bem-vindo. Pode entrar e fazer morada." Concluo que sempre amei e agora sou amado. Finalmente cada coisa em seu lugar, eu campo e você semente. 

1.13.2014

Love Is Blindness



Eu não quero mais ver. Quero a escuridão, o lado negro da lua. Quero guardar segredos, arranhar carnes, marcar meu território e desbravar o seu. Sangrar. Eu não quero mais ter visão. Quero memória das ações e os sons das palavras. Quero seguir seu cheiro e pelo tato reconhecer-lhe. Degustar seus sabores mais secretos, aqueles das suas coisas guardadas. Quero o calor das suas entranhas. Quero entrar todo e costurar-me dentro. Selar as saídas, separar carnes, arrancar pedaços, colocar cada coisa em seu lugar. Colocar o eu em você.

1.11.2014

The Wounded Warrior


O ódio queimava suas veias, corroía as entranhas. Seu rosto um sorriso, sua alma furacão. Planos feitos, sonhos roubados. Odiava depender das caridades alheias, das morais doutros e de seus tempos. Cortem-lhes as cabeças gritava por dentro enquanto respondia que não havia sido nada. Mentia para sí mesmo e para mundo.

1.08.2014

(S) ábado


Aba | Oca | Aço | Afã | Olá | Alô | Ama | Amo | Anã | Anu | Mil | Mim | Mio | Era | Ora | Ata | Até | Ato | Ave | Avó | Avô | Bar | Bem | Mal | Boa | Boi | Boá | Cal | Céu | Chá | Cio | Clã | Cós | Cor | Cru | Dar | Dez | Dom | Duo | Dor | Ela | Ele | Elo | Sangue | Fel | Foz | Fuá | Fio | Gás | Gel | Gim | Giz | Gol | Içá | Imã | Ipê | Ira | Lar | Ler | Lua | Luz | Mau | Bom | Mãe | Pai | Meu | Mês | Til | Réu | Suor | Nau | Nós | Noz | Não | Ova | Ovo | Pau | Pia | Pés | Pio | Paz | Pão | Rei | Rim | Rio | Rua | Rum | Rol | Sal | Seu | Ser | Sim | Sol | Sul | Ter | Teu | Sêmen Uno | Uma | Uso | Uva | Vão | Tia | Tio | Tom | Ver | Vez | Véu | Voz 


1.05.2014

Leônidas e Cleômbroto

Tão estranho quanto assustador é a verbalização honesta de sentimentos secretos. Tão fascinante como original é a materialização da dualidade que nos compõe. Luz e escuridão, eu aqui e você lá. Um caça, outro caçador. Um frio, outro intensidade. Ambos carne e um desejo.


aqui tem mais do mesmo

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