Arrastava o mundo nas costas, leão e senhor. Carregava as correntes da vida herculeamente. Cada passo uma luta. Cada luta uma nova cicatriz. Travava guerras dentro de si com a mesma força e da mesma forma que a história do seu povo mostra. Ombros largos e focado. Atlas. Do seu lado, uma figura menor e impotente a olhar. Estava lá e por lá estaria para sempre. O leão a caçar, lutar, desbravar, fazer, construir, sofrer e a sombra a contemplar. A certeza de um era a companhia do outro, a certeza do outro ... a esperança.
Um comentário:
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade)
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