Eu não quero mais ver. Quero a escuridão, o lado negro da lua. Quero guardar segredos, arranhar carnes, marcar meu território e desbravar o seu. Sangrar. Eu não quero mais ter visão. Quero memória das ações e os sons das palavras. Quero seguir seu cheiro e pelo tato reconhecer-lhe. Degustar seus sabores mais secretos, aqueles das suas coisas guardadas. Quero o calor das suas entranhas. Quero entrar todo e costurar-me dentro. Selar as saídas, separar carnes, arrancar pedaços, colocar cada coisa em seu lugar. Colocar o eu em você.
2 comentários:
No sé cuál es la cara que me mira
Cuando miro la cara del espejo;
No sé qué anciano acecha en su reflejo
Con silenciosa y ya cansada ira.
Lento en mi sombra, con la mano exploro
Mis invisibles rasgos. Un destello
Me alcanza. He vislumbrado tu cabello
Que es de ceniza o es aún de oro.
Repito que he perdido solamente
La vana superficie de las cosas.
El consuelo es de Milton y es valiente,
Pero pienso en las letras y en las rosas.
Pienso que si pudiera ver mi cara
Sabría quién soy en esta tarde rara.
(Jorge Luis Borges)
"To go into the dark with a light ... is to know the light. To KNOW the dark, go dark. Go without sight, and find that the dark too, blooms and sings, and is traveled by dark feet and dark wings."
~Wendell Berry
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