Começou nos pés. Um dos dedos, o menor, dobrou-se. Numa profusão de ondas, a dobradura se espalhou pelo corpo. Dobrando e redobrando como um origami de gente. Aquilo que era foi-se, moldava-se, dobrava-se, redobrava-se e se entortava. Tudo o que era deixou de ser. Restou, apenas a tortura das linhas e a lembrança de ter sido um dia reto.
Imagem tirada da exposição Cosmic Surgery de Alma Haser
Um comentário:
"Não entendo de sonhos. Mas este me parece um profundo desejo de mudança de vida. Não precisa ser feliz sequer. Basta ano novo. E é tão difícil mudar. Às vezes escorre sangue."
Clarice Lispector)
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