8.10.2010

Quero o amor que mata

"O PERIGO: minha intenção real é prosperar no que me é alheio, até que tudo se transforme num grande absurdo, numa história que perde seu começo e termina mal. o que realmente me interessa pode ser considerado capricho e vaidade sem futuro. admito que só mesmo o que não presta me tráz sentimentos vitais e calores que perduram por dias, alimentando vontades esburacadas. tenho me repetido, há muito tempo tenho me repetido, seja por palavras ou atos indisfarçáveis. mas preciso continuar, mesmo que o assunto seja o mesmo. os caminhos errados e efêmeros são os únicos capazes de aliviar meu cansaço eterno e triste. perdi uma parte importante no que diz respeito ao entendimento comum do que é nobre e certo. sou leal comigo, assumo máculas e pedaços perdidos que não fiz e nem faço questão de resgatar. quero o que se estraga e não dura, mas também desejo o interminável e para sempre. têm momentos em que penso que a calma e a estabilidade poderiam me preparar melhor e me trazer algum conforto. mas logo lembro que minhas escolhas deficientes são meu único privilégio numa vida que considero tola. pode soar como desespero, mas é só honestidade e insatisfação. não vou me reconhecer em nenhum outro caminho, mesmo este sendo o melhor pra quem me assiste e se lamenta por amor. o amor entrou em mim pela porta dos fundos e se alojou em meio a sujeira e a beleza que inventei existir. não vou tentar outras vias nem fabricar razões que não sejam as minhas próprias. sou amoral em relação aos sentimentos. amo, me sujo, odeio, me arrependo, amo de novo e não cumpro minhas promessas. não vou cumprir, mesmo que continue prometendo, e isto vai acontecer, não cumprirei. estarei sempre indo em direção ao que, em tese, não deveria me servir e que é justamente o que me serve. vou me enforcar para atender expectativas e depois vou viver de novo. existir não é justo. é mesmo muito perigoso ser feliz."

Palavras roubadas daqui e belamente escritas por Ivana Debértolis que é "existencialista com toda razão, só faz o que manda o seu coração..."

A imagem é de David LaChapelle e intitulada Orgy in still Maybach

3 comentários:

ivana debértolis disse...

roubando as palavras de chico buarque: 'sou igual a você, eu nasci pra você, eu não presto.'

Ahas. disse...

Belas palavras!

Anônimo disse...

“Fado amigo não há, nem fado escuro:
Fados são as paixões, são as vontades”
(Bocage)
“Razão, de que me serve o teu socorro?”
(Bocage)

aqui tem mais do mesmo

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