2.13.2011

A lagarta


Abriu os olhos e não viu o sol brilhando em um céu azul. Vestiu-se e saiu. Andou à esmo e não viu crianças brincando, jovens se amando, ou a revolução da vida acontecendo diante dos seus olhos. Optou por não ver. Optou por não lavar o tanque de roupas sujas. Não via roupas para lavar, casa para limpar e também não procurou por nada. Era mais fácil deixar o pior entrar. Sem perceber o tamanho do egoísmo que sua condição era. Impunha sua tristeza. Sua dor era a maior, seus problemas eram os mais difíceis, suas vontades prioridades. Voltou para o seu casulo e optou por nunca virar crisálida. Crescer não era uma opção ou vontade. Nunca teve a obrigação de ser feliz, mas tinha o dever de lutar para estar vivo. Para quem assistia a tragédia, que era fruto da desistência, uma palavra: Preguiça.

2 comentários:

Anônimo disse...

“...si estoy tan infinitamente lejos del hombre civilizado, en el alto sentido de esta palabra. Cuando yo sé de un bruto que mata queriendo, me siento dentro de él; no me siento dentro de casi ninguna acción civilizada. Sin embargo, no se dice de mí – por la mayoría – que sea una salvaje. Es que vivo dos vidas: la que me hace vivir el mundo y la otra. La otra en sólo instantes, como el que Ud. conoció.” (Gabriela Mistral – carta de 19 de abril de 1921)

Anônimo disse...

Lendo seu texto em Echaporã ("por mais distante, o errante navegante, quem jamais te esqueceria...") e pensando: daria para permanecer lagarta "hic et ubique"????? O tempora! O mores!

aqui tem mais do mesmo

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