Tem dias que o mundo é pequeno. Por mais grande que seja a vontade de ser grande o mundo lhe faz pequeno. Seja por vontade alheia, seja por tentar ser o que agrada os outros. No final o nada é sempre alguém ou alguma coisa. Aquilo que querem da gente, aquilo que levaram de nós, aquilo que achávamos que era nosso. Nada. O que importa, no final, é o fato do que aquilo que sobra – seja algo de melhor ou pior – é sempre você mesmo. Sozinho, na loucura dos outros. Pois, a sua, nossa, verdade é tangível. Mesmo que sonho usado.
2 comentários:
Há gente para quem
tanto faz dentro e fora
e por isso procura
viver fora de portas.
E em contra existe gente,
mais rara, em boa hora,
que se mostra por dentro
e se esconde por fora:
dela é o poeta-hortelão
que se tranca na horta
para cuidar melhor
sua literária flora
João Cabral de Melo Neto
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá...
(Chico Buarque, 1967)
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