George Steiner disse uma vez que a linguagem é o principal instrumento humano de negação do mundo como ele é. Nunca levei isto muito a sério até hoje quando me deparei com mais um gargalo em minha pesquisa. O mundo está mudando muito rápido para mim e as coisas saindo do meu controle e vocabulário. Decorreram quase duzentos anos até a visão do universo de Newton dar lugar à visão mais completa de Einstein. Agora, grandes coisas acontecem em uma escala temporal muito menor e isto me assusta. Baseado neste indicador de excelência – período de tempo em que o progresso desenvolvimento é retardado pela ausência de idéias de um cientista – podemos dizer que Descartes foi o maior revolucionário e o grande culpado por todo meu desespero. Sua separação entre mente e corpo, necessária à sua época, e enquadramento de todas as coisas à interpretação mecanicista encorajaram o pensamento reducionista do mundo de hoje. Ele - o tal Descartes - definiu que a desconstrução é a dissecação analítica de um objeto em suas partes ou componentes fundamentais deve ser seguida pela regeneração mediante a remontagem das partes para se obter a verdade. Isto sem dúvida levou a grandes conquistas pela ciência nos dois últimos séculos, mas só agora está assumindo seu lugar apropriado como apenas uma parte, e não a totalidade, da ciência. Começamos a retomar a idéia de que a visão distanciada de cima para baixo – que vê o objeto de fora e analisa o seu funcionamento – é tão importante quanto desmontar algo e reconstruí-lo de baixo para cima. No meio disto tudo não sai da minha cabeça a parábola bíblica sobre o vaso que questiona - de dentro pra fora e de fora pra dentro - as intenções do oleiro. Eu, homem vindo do barro, estou cheio de dúvidas. Minha única certeza é que o mundo está cada vez mais cheio com artefatos, coisas, máquinas e casas, roupas e mobílias, carros, códigos de comportamento e muito diferente da idilíca visão do paraíso habitado por Adão e Eva. Com este distanciamento cada vez maior do natural, fazer o que vem naturalmente, falar o que vem naturalmente, talvez não sejam mais adequados neste mundo cada vez mais desnatural artificial. O que restou, Einstein tinha razão sobre a velocidade da gravidade e o texto para minha qualificação precisa ser repensado.
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