Esperando ser resgatado da minha saudade daquilo que nunca vou conseguir ter, voltei a trabalhar na minha tese. Neste domingo solitário corri em círculos em busca pela solução do meu capítulo sobre sustentabilidade. Sem nada encontrar, decidi trilhar caminhos menos ortodoxos. Larguei a companhia de Pearce, Daly, Hardin, Meadows, e seus pares para vagar ao lado de Orwell, Huxley e Le Guin. Não sei se foi desespero, solidão ou mero cansaço. Só sei que busquei rever minhas antigas impressões sobre suas obras. Tentei buscar no que mudou meu olhar do mundo - quando era adolescente - um sentido para a atual discussão sobre sustentabilidade e o futuro da sociedade. Cada um destes autores com seus livros me tocaram de maneira diferente no passado e em suas ficções, hoje consigo ver que cada um achou um caminho diferente para o "equilíbrio" das sociedades que descreveram. Cada qual a seu modo e devaneio desenhou um mundo sustentável, mas qual foi o preço cobrado em cada um deles? Com Orwell em 1984 tentei vislumbrar a sustentabilidade mantida por um Estado totalitário e violento, descobri o EcoFascismo. Com o Admirável Mundo Novo de Huxley o caminho vislumbrado é um verdadeiro terror científico ou uma EcoDitadura fundamentada pela eugenia. Le Guin, trouxe com Os Despossuídos, talvez a versão mais próxima da sustentabilidade discutida atualmente, mas a perfeição desta sociedade baseada em não gerar excedentes tem um grande problema, o que resta para ser distribuído igualmente entre os seus membros é a pobreza. Em suma, o denominador comum entre estes três livros, além da minha paixão por ficção, é que em todos eles o sucesso de suas sociedades foi conseguido através da anulação da individualidade humana, quer seja pela paranóia, violência, propaganda, ou carência. Assim, o problema é o fato de que o todo sustentabilidade é maior que as partes indivíduos, mas no caso da natureza humana sociedade em que vivemos o todo definitivamente não é mais importante que as partes ...
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